Embora pareça paradoxal, a questão é que quem fala espera sempre do lado do analista uma palavra, uma interpretação, ou seja, a afirmação de um sentido; mas quando do outro lado não recebe uma resposta, mas um espaço vazio - como um espelho - naturalmente este interpreta a si mesmo.

A interpretação, disse-me há muitos anos um professor, tem de ser vazia de sentido para que assim, quem interpreta o sentido dessa intervenção seja o paciente e não o psicanalista.

Desta sorte, as ocorrências e deslizamentos do falante, preencherão o vazio com o qual ele se defronta.

E com o que exatamente o enche?
Com seus fantasmas.

E então, podemos interpretar a partir desses fantasmas:
Diz-me, de onde veio isso que você diz?

"O analista não faz senão devolver ao analista a sua mensagem invertida, como se fosse um espelho no qual o analisante pode se reconhecer."


A interpretação psicanalítica não tem que apontar para o sentido e a totalização, mas sim para a divisão; para o equívoco.

Os pacientes chegam à sessão doentes de sentido e não podemos dar mais um. A eficácia não reside em somar, mas em subtrair.

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Wesley Diego de Godoi
Psicólogo e Psicanalista - CRP 08/24023

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